A Costureira que Redescobriu a Vida

De agulha na mão e a alma cansada,
Costurava sonhos, mas sentia-se pesada.
Tantas noivas, tantos vestidos a fazer,
Mas o brilho em seu ofício começou a se perder.
A exaustão era grande, o desejo de parar,
"Será que minha vida é só costurar?"
E então veio a pandemia, o mundo a silenciar,
Os casamentos cessaram, e ela pôde respirar.
Longe das rendas, o vazio surgiu,
Mas foi no silêncio que algo fluiu.
A saudade da arte começou a crescer,
E ela percebeu o que antes não pôde ver.
Costurar era mais do que apenas criar,
Era sua vida, sua alma a pulsar.
As mãos ansiavam pelo tecido tocar,
Pelo som da máquina a cantar.
Quando tudo voltou, e os pedidos vieram,
Ela era outra, seus olhos brilharam.
Cada vestido agora tinha um sabor,
Como um doce na boca, um presente de amor.
Decidiu então: "Não vou mais parar,
A costura é meu dom, meu jeito de amar.
Sou muito melhor do que antes fui,
E cada novo ponto é uma luz que reluz."
Hoje, sua máquina é seu coração,
Cada linha costura mais que um padrão.
Ela não só veste, mas dá vida ao sonhar,
E encontrou na costura sua razão de estar.
